Richarlyson é o novo fenômeno do futebol mundial, senhores. Ele parece estar em todos os lugares do campo, se movimenta como ninguém, rápido, excelente impulsão, um atleta incansável. E, talvez por ser visto muitas vezes no jogo, é confundido com um bom jogador.
É como aquela música que está nas Sete Melhores da Jovem Pan, você ouve três vezes por dia, durante uma ou duas semanas e acaba achando que gosta. Pois com o jogador são-paulino ocorre fenômeno semelhante: você ouve o narrador falar tantas vezes o nome Richarlyson e acaba se acostumando com a idéia de que este fez ótima partida, sem importar-se com o desfecho das jogadas.
Pois não deixe a narração do jogo seduzi-lo, torcedor!
No amistoso da Seleção, na última quarta-feira, não foi diferente. O lateral-esquerdo apareceu muitas vezes na partida, pediu bolas e recebeu-as, fazendo com que você acreditasse ter sido uma boa estréia.
Não foi. Preste atenção no desenrolar das jogadas. Muitos passes errados - e não estamos falando de lançamentos longos como os que Dunga não errava em 94 (ainda que façam você, torcedor, acreditar que o Capita vivia de passes laterais).
E esta tem sido a realidade de Richarlyson em seu clube, muitos passes errados e extrema dificuldade na marcação do jogador que parte com a bola dominada.
Não me entenda mal, Richarlyson é um jogador útil para um clube, em especial para campeonatos longos e de nível baixo, como é o Brasileirão; realmente se movimenta muito bem, tem ótima impulsão - importante na bola aérea de defesa. Mas é só.
Mano Menezes que o diga. Alguém lembra da vitória do Grêmio sobre o São Paulo na Libertadores de 2007? Deixou o jogador livre na lateral-esquerda, para que devolvesse gentilmente a bola à defesa gremista em forma de cruzamentos errados. No ataque, Mano jogou nas costas de Richarlyson a partida inteira, e as boas jogadas do Tricolor do Sul aconteceram, em sua maioria, na ponta direita. Tirem suas conclusões.
Um pouco mais longe, final da Libertadores de 2006. Richarlyson de volante, opção de alto risco do técnico Muricy Ramalho, e mais uma atuação desastrosa.
O camisa 20 do Tricolor do Morumbi pode ser importante para a equipe no campeonato de tiro longo, mas é uma escalação temerária em jogos de mata-mata (Recopa Sul-Americana de 2006: muito nervoso, comprometeu mais uma vez na Bombonera) e é, muito menos, um selecionável.