segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Mais sorte que juízo no futebol carioca.

A necessidade de um planejamento se torna cada vez mais evidente no futebol, basta uma rápida olhada na tabela do brasileirão série A. Os times em que se nota um planejamento, uma continuidade no trabalho, aparecem na ponta da tabela. São Paulo, Grêmio e Internacional não estão entre os líderes por um acaso, não montaram seus times da noite para o dia e, no atual momento do futebol brasileiro, clubes como estes levam imensa vantagem sobre aqueles que tomam decisões precipitadas, baseadas muito mais num feeling sobre o que pode dar um retorno positivo imediato - quase milagroso - que numa pesquisa meticulosa.

É justamente por isso que me surpreendem as campanhas de Vasco e Flamengo, que, seguido, dão demonstrações de falta de planejamento. Assisti apenas aos melhores momentos do clássico que fizeram na última rodada, mas foi o suficiente para ver que tratou-se de um jogo muito bem disputado, repleto de chances de gol (é raro, neste campeonato, que os melhores momentos durem mais que um minuto). O Vasco venceu de virada por 3 a 1, no que, suponho, tenha sido um resultado enganoso, pelo equilíbrio de oportunidades.

Além destes, entra no grupo dos cariocas que me surpreendem, o Botafogo, que já briga por uma vaga na Libertadores. Já pensou? Flamengo (já garantido), Vasco da Gama (com grandes chances) e Botafogo (com chances razoáveis) na Libertadores 2007. Sintomas de competência administrativa? Dificilmente. Alerto aos torcedores cariocas para o péssimo nível técnico do campeonato - senão o pior, um dos, na história recente. O torcedor não está nem aí pra isso e só quer saber de tocar flauta no Fluminense? Tudo bem, que o faça, mas não cometa o desatino de apostar todas suas fichas na próxima temporada. Que bom se os dirigentes aproveitassem o bom momento para estudar formas de reparar problemas estruturais e alternativas para 2007, se adiantando em relação aos demais, evitando assim os erros de sempre. É possível que o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, esteja mobilizado neste sentido, mas a preocupação com o futuro passa longe das sedes de Vasco e Flamengo. Tanto em São Januário, quanto na Gávea, os dirigentes devem estar dando graças aos deuses do futebol, por seus times terem apresentado sensível melhora técnica e estarem salvos do rebaixamento. Kléber Leite, vice-presidente do Fla, já garantiu estar confiante para a Libertadores com os jogadores que o clube dispõe, e Eurico Miranda, que dispensa apresentação, está com a cabeça nas eleições para a presidência do clube - o ex-deputado corre sério risco de perder sua hegemonia na diretoria do Vasco para o ídolo vascaíno, Roberto Dinamite.

De acordo com esta projeção, é provável que, quando os dirigentes se derem conta, estarão diante da temporada 2007. Nada que a contratação milionária de um atacante veterano não resolva. Num leve exercício de memória, logo surgem alguns nomes:

Dimba... Viola... Donizete (o Pantera)...

Aceito sugestões no blog.

sábado, 28 de outubro de 2006

O advento da auto-entrevista: nova galhofa de Palaia.


Não satisfeito em surpreender a todos com suas respostas, o diretor de futebol do Palmeiras tomou a decisão de fazer também as perguntas, ao convocar a imprensa nesta quinta-feira, criando assim o conceito da auto-entrevista. Ou seja, Salvador Hugo Palaia agora bate o escanteio e vai pra área cabecear.

Os mais distraídos podem não perceber o significado histórico deste disparate: os cursos de jornalismo terão seus currículos alterados, com disciplinas de auto-entrevistas; quem sabe até convidem Salvador Palaia para ser professor; seria, certamente, a aula mais divertida.

Mas passemos ao conteúdo da entrevista: o palmeirense começou explicando que suas perguntas tinham por objetivo esclarecer "coisas" que ouvira nos últimos dias. Em primeiro lugar, deixou claro que ficou muito satisfeito com o clássico - Corinthinas e Palmeiras teriam honrado suas tradições (Deus me livre!). Na seqüência, perguntou o que faltava para que o Palmeiras saísse desta situação. Na sua visão só estaria faltando ganhar os jogos - depois que "gol" virou detalhe, "vencer" passou a ser também um detalhe no futebol. Outra pergunta bolada por Palaia: se ele acreditava que o time não seria rebaixado. Palaia respondeu com veemência ter a certeza de que isso não ocorrerá. E, talvez, para explicar de onde tirou tanta certeza, o dirigente encerrou sua auto-entrevista, apresentando o gerente de futebol Ílton José da Costa, que deu uma explanação sobre o planejamento do clube para 2007.

Nada que se compare às declarações de Palaia, mas vale nossa atenção pela veia cômica do gerente: ele garantiu que o clube está preparado para o próximo ano e já tem uma idéia de quando, mais ou menos, começa o campeonato paulista de 2007. Além de apresentar este completo plano de gestão para o futuro, Ílton José foi categórico ao afirmar que o time poderia muito bem estar entre as primeiras posições do campeonato nacional.

Fazendo uma rápida análise, sou obrigado a dar razão ao Ílton, concordando com o que disse o jornalista Antero Greco: com este planejamento o Palmeiras poderá muito bem estar entre as primeiras posições do campeonato nacional do ano que vem, só que na série B.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

A derrota seria o resultado mais justo.

Derrota para Corinthians e Palmeiras no clássico dos desesperados.
Se viu muita vontade no início do jogo, mas o árbitro Sálvio Spinola tratou de inibir quaisquer jogadas mais ríspidas ao distribuir cartões amarelos a todo o lado, logo nos primeiros minutos de jogo - uma estratégia arriscada mas que acabou dando certo para o árbitro: o jogo acabou sem qualquer case de indisciplina.
E, da mesma forma, sem muitos cases de habilidade, salvo uma grande jogada do Marcinho Guerreiro (!), aos 20 do segundo tempo. Pelo contrário, muitos foram os passes errados; neste quesito, o meia Valdívia se destacou, tendo acertado apenas um passe em todo o jogo - o jogador chegou ao Palmeiras com o apelido "el mago", o que me fez pensar: ou Valdívia era outro jogador no Chile, ou eu ainda tenho chances no futebol chileno. Outro destaque negativo foi Edmundo, que por vezes descia ao meio-campo com o intuito de "buscar o jogo", mas acabava desarmando os colegas de time e perdendo a bola. Ainda falando de ex-jogadores, Amoroso mais uma vez decepcionou, tendo participado muito pouco da partida.
De positivo, além do Marcinho Guerreiro, podem ser mencionadas as atuações de Marcelo Mattos, autor do único gol da partida, e de ambos os goleiros.
O gol da vitória veio de uma bola parada, como não poderia deixar de ser num jogo de nível técnico tão baixo, quando os dois times pareciam estar satisfeitos com o empate.
Apesar de péssimo futebol apresentado, Leão se mostrou satisfeito com o que viu, dando nota 10 a si mesmo e aparentando um controle absoluto dos fatos futuros. Pelo lado palmeirense, o diregente Salvador Hugo Palaia também ficou muito satisfeito com o que viu, merecendo um artigo inteiro só para ele, a seguir.