Quinta-feira foi dia de revanche na NBA: o Dallas Mavericks recebeu o Miami Heat, numa reedição da final do ano passado, quando o Heat sagrou-se campeão. Desta vez, contudo, os Mavs atropelaram, confirmando a condição de melhor time da temporada - lidera a NBA com 45 vitórias e apenas 9 derrotas.
Dirk Nowitzki fez uma partida perfeita, mostrando por que está cotado para ser eleito o jogador mais valioso da liga. O alemão praticamente não errou, chegando a protagonizar lances que lembraram Larry Bird, como na melhor jogada da partida, em que Dirk pulou para receber um passe e, ainda no ar, arremessou para mais uma cesta.
A imprensa americana coloca Dirk como favorito a MVP ao lado de Steve Nash (jogador mais valioso nas duas últimas temporadas). Percebe-se que Dirk está mesmo em alta na NBA quando ouvimos comentários como o de Steve Kerr, na transmissão da TNT. O ex-jogador, campeão da NBA com os Bulls de Jordan, afirma que Dirk certamente entrará para o Hall da Fama da NBA, sobretudo se conseguir levar o título para Dallas. Steve Kerr ainda comentou o estilo único de arremesso do alemão: "one-footer-behind-the-head-fade-away-off-the-balance" - tentando traduzir, seria um arremesso desequilibrado, por trás da cabeça, em uma perna só e se jogando para trás. Se ainda considerarmos a altura do jogador, pode-se concluir que Nowitzki é imarcável. Steve Kerr ainda afirmou não saber como é possível um jogador acertar arremessos como aquele, quando Reggie Miller (um dos maiores arremessadores de todos os tempos), que também fazia parte da transmissão retrucou, num momento de descontração: "Fale por você, Steve!"
Além da atuação de Dirk, tivemos outros aspectos interessantes no jogo. A rivalidade entre as duas equipes ficou clara com faltas duras de lado a lado. Antoine Walker, jogador do Heat que já defendeu os Mavs, chegou a ser ejetado da partida após falta violenta em Dirk, saindo abaixo de vaias. Shaq também protagonizou um lance mais ríspido no jogo, considerado uma falta flagrante pela arbitragem - embora o comentarista Reggie Miller tenha levantado um argumento pertinente: segundo ele a falta do "Big Fella" teria sido uma falta normal de jogo. O problema é que, segundo Reggie, quando falamos de Shaq, falamos do "maior cara do mundo", e qualquer falta parece dura demais.
O jogo ainda marcou um recorde para Dallas. Após 4 derrotas no início da temporada, Dallas perdeu apenas 5 das últimas 50 partidas - é a segunda maior corrida em 50 jogos da história da liga, apenas o Philadelphia 76ers, na temporada de 1966-67, teve uma corrida melhor (46 vitórias).
E, se tudo vai bem em Dallas, a maré está virando em Miami. Dwyane Wade pode ter se lesionado seriamente; saiu numa cadeira de rodas, chorando de dor, após machucar o ombro. A ausência de Wade levantou uma questão relevante: a imprensa tem criticado o armador reserva Jason Williams, que não seria mais o mesmo jogador do início da carreira. A questão é delicada, porque realmente Jason não repete mais as jogadas notáveis do tempo em que passou em Sacramento. Mas é preciso considerar o estilo de jogo do Miami Heat, de Pat Riley, que é totalmente diferente do estilo do Sacramento Kings, de Rick Adelman. Miami apresenta um jogo lento, explorando seu pivô Shaquile O'Neal, além das jogadas individuais de Dwyane Wade, enquanto o Kings de Adelman era um time veloz, explorando ao máximo o jogo de transição, o que facilitava as jogadas ousadas de Williams.
O Heat agora torce por uma recuperação rápida de Wade ou para alguém aparecer como o segundo homem forte do time. Eddie Jones, que neste jogo apareceu apenas no chamado "garbage time", quando o jogo já estava perdido, tenta retomar a confiança e, quem sabe, ser o jogador que Miami precisa para garantir uma vaga nos playoffs.