Nesta madrugada, a equipe de Bernardinho enfrentou a Bulgária, invicta até então no mundial masculino de vôlei. Após uma atuação perfeita contra a Itália, o Brasil entrou confiante para confirmar a classificação para a fase final do mundial do Japão.
Somando-se a boa fase brasileira à notícia de que o time titular da Bulgária seria poupado, uma vez que já tinha assegurado a presença nas semifinais, poderíamos esperar uma vitória incontestável, exceto que isto não aconteceu. É possível que o próprio elenco brasileiro tenha acreditado nisto e se acomodado. O fato é que o Brasil custou a entrar no jogo, e viu sua classificação dificultada pelos reservas búlgaros, liderados pelo ponta Yordanov. Os brasileiros podem ter ficado impressionados com a incrível semelhança de Yordanov com o grande jogador italiano Andrea Sartoretti - titular da Azzurra por muitos anos. Semelhança inclusive no estilo de jogo e na mecânica do saque com a canhota, uma marca inconfundível de Sartoretti.
Foi a vez de Bernardinho mudar praticamente todo o time, no combate à apatia que tomava conta do sexteto brasileiro e que encaminhava o mesmo para uma derrota que complicaria o campeonato. Funcionou. Os reservas mudaram a cara do jogo, sobretudo o meio-de-rede Rodrigão, que deve ter assegurado um lugar entre os titulares, e o levantador Marcelo, decisivo para a reação. Entre os poucos titulares que continuaram no jogo, Giba foi o grande destaque mais uma vez, sendo um concorrente sério para levar o prêmio de melhor jogador do campeonato.
O impressionante nisso tudo é como o Brasil, mesmo jogando mal, vence. Poucos se dão conta, mas a seleção masculina de vôlei, enquanto comandada por Bernardinho, NUNCA ficou de fora de um pódio. 20 campeonatos ao todo, 16 vezes campeã, 3 vezes vice e 1 única vez ficou em terceiro lugar. Espero que prestem a atenção nesta marca histórica quando o time não vencer, o que é bastante aceitável que venha a acontecer logo - não me levem a mal, torço pelo Brasil, mas nunca vi tamanha hegemonia no esporte coletivo. Desafio alguém a achar uma superioridade tão significativa no esporte coletivo moderno.
Ainda assim, enquanto o Brasil continuar ganhando no vôlei masculino e contrariando à lógica da competitividade dos esportes de alto rendimento, continuemos a celebrar, pasmos, o fenômeno.